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A extinção do "pop farofa" PARTE II

  • Samu Saint
  • 8 de nov. de 2016
  • 4 min de leitura



PARTE I: http://universioblog.wixsite.com/universiotario/single-post/2016/10/21/a-extincao-do-pop-farofa-e-o-que-ela-significa-para-a-historia-da-musica


Mas este era só o começo: Em 2013 Miley Cyrus chocou o mundo ao lançar o controverso "Bangerz", onde ela trocou bruscamente o europop genérico do álbum anterior por uma generosa dose de hip-hop sujo. Se a intenção era explicitar o crescimento da cantora, houve sucesso, embora não necessariamente amadurecimento. Enquanto simultaneamente Lady Gaga tentava emplacar o ambicioso e bizarramente genial "ARTPOP", Adele ganhava sua versão masculina e Iggy Azalea começa a redefinir os caminhos da trap music.


Em 2015 porém, a música pop foi chacoalhada com o lançamento do aguardadíssimo "Anti", onde a barbadiana mais querida do mundo chocou os fãs ao renegar o estilo farofa em que se mantinha confortável. Com exceção de "Work", o álbum é recheado de canções e interlúdios pouco comerciais, vocais dinâmicos e uma notável influência R&B. Mas apreciado com mais calma, embora longe de ser ruim, o oitavo álbum de Riri parece ambicioso e tímido ao mesmo tempo, muito disperso em conceitos e não tão ousado quanto pareceu em seu lançamento.


Tais constatações ficaram ainda mais claras com o lançamento de "Lemonade", a ultima obra-prima da Queen B. Com dois conceitos muito bem amarrados, Beyoncé conseguiu cuspir letras ferozes em baladas ácidas, intercaladas com faixas hip-hop revolts, o que faz de sua limonada um refresco literal em meio musical bastante açucarado. Embora muito similar ao "Anti", o sexto álbum de Beyoncé ganha pontos por conter maior coerência lirica e musical.


Até mesmo a princesa do pop conseguiu surpreender meio mundo quando apostou em uma carro-chefe que se desviava do seu característico electro-pop cheio de auto-tune: Tendo que dividir as atenções com a não menos conceitual "Rise" (que Katy Perry resolveu lançar no mesmo dia de surpresa!), com levada urban e um quê de R&B "Make Me Oh" trouxe um frescor inesperado aos muitos fãs de Britney Spears que se viram desapontados com o fraquíssimo single antecessor, "Pretty Girls". Se por um lado o álbum "Glory" não se desligou completamente da "Britney Bitch", como em faixas como "Do you dont wanna come over?", existem nele faixas que fizeram os b-armys das antigas se renderem e se orgulharem como a sensual "Private Show". Sem falar no tímido meio termo encontrado na batida synth-laden futurista de "Clusmy", uma canção boba e cativante, que apesar de esforçada, passa longe do arrebatar o ouvinte como conseguiu Fergie com a canção de mesmo nome em 2006.


Para o desespero dos ainda remanescentes fãs de "pop farofa", recentemente fomos ainda surpreendidos com o mix de dance-rock e country presente em "Joanne", o mais recente lançamento de Lady Gaga. Neste, a mother monster minimiza suas mais exóticas ambições artísticas para mergulhar em assuntos pessoais com produção sucinta, reforçando assim sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos com propriedade, como uma versão feminina de David Bowie. Quem apostou que ela insistiria em suas atingas fórmulas para agradar pistas e charts se decepcionou.


Observando os maiores nomes do cenário do pop atual, é impossível ignorar a mudança: Todos estão percebendo a urgente necessidade de reinvenção mediante a ameaça da acensão indie. Se antes, apegar-se a fórmulas prontas era sinônimo de sucesso razoável, hoje isso já significa risco de ser ignorado. Não há como sobreviver de forma superficial em um mercado em que se compete com a excelência de pessoas talentosas com equipes acima do padrão.


Adele está aí como prova. "Cinco anos para fazer um álbum, isso não existe minha gente!", eu ouvi e li muito por aí. Na verdade, existe sim. Pode ser o minimo se você quiser um conteúdo lírico rico sem a ajuda de um gigantesco time de compositores. Além disso, a diva britânica também se tocou faz muita diferença quando a parte visual do trabalho está a altura.


Concluindo, não adianta os farofeiros de plantão espernearem: As gravadoras estão ligadas no que vende e a maioria opta por consumir musica inovadora é isso que terão. Por mais que os artistas teimem em explicar e defender seus respectivos processos criativos, sem a aval de seus selos, a maioria deles não conseguiriam lançar material. O que significa que chegar para os chefes com songs rebocadas de europop plástico pode ser uma alternativa bastante suicida para a carreira.


Portanto, não nos iludamos. Talvez não seja uma questão de maior controle criativo dos artistas e sim de uma sacada da mudança de tendência no mercado. É fato que o mercado musical num todo vive de ciclos e que o do "pop-farofa" jaz finado e se é com urban conceitual que a nova era se abastece, adaptemo-nos.


Pode ser que o "pop basic" volte ao centro dos holofotes? Eu duvido, mas não é impossível. Até lá, aconselho abrirmos nossas mentes e ouvidos para o novo e aproveitar as boas vibes, porque logo elas passam e o que nos restará é saudades.


Já cantava Black Eyed Peas na letra de "I got a feeling" em 2009: "Eu tenho uma sensação que hoje à noite vai ser uma noite boa". Eles tinha razão, realmente foi.

Mas a noite é só uma criança e crianças crescem rápido.


SAMU SAINT

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